Giardíase Canina: 8 Informações Fundamentais para Você Entender a Doença

Como todo dono de cachorro, você já deve ter ouvido falar ou já deve ter presenciado com o seu animal algum caso de giardíase canina.

É uma doença que causa diarreia, que está associada a contaminação do ambiente, como praças e parques, e que é mais frequente em cães do que em gatos pelo hábito de passear e fazer as suas necessidades na rua. Mas como todo dono de cachorro, provavelmente você já ouviu falar sobre isso também, certo?

Porém, se você quiser entender mais sobre o mecanismo da doença, sinais clínicos e métodos de diagnóstico, de tratamento e de controle, confira abaixo 8 informações fundamentais sobre a giardíase canina.

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1. O que é?

A Giardia intestinalis ou Giardia duodenalis é um microorganismo classificado como protozoário flagelado que causa uma infecção no trato intestinal de mamíferos.

O seu ciclo de vida apresenta 2 formas:

– O cisto: é a forma infectante e de resistência; é eliminado nas fezes de um animal contaminado, permanece no ambiente e é ingerido por outro animal, transmitindo a doença.

– O trofozoíto: é a forma não-infectante, pois é sensível ao ambiente e ao suco gástrico do estômago; é liberado a partir do cisto quando este chega ao intestino delgado, causando a doença.

2. Como é a transmissão?

Em cães, geralmente a infecção ocorre pela ingestão de cistos presentes no ambiente que foram eliminados nas fezes de um outro cão contaminado.

Os cistos sobrevivem ao ambiente e ao suco gástrico do estômago e eclodem no intestino delgado, liberando os trofozoítos, que causam a patogenia.

Importante lembrar que a doença também pode ser transmitida pelo consumo de água contaminada ou por banhos em águas recreacionais, pois é uma doença de veiculação hídrica.

3. O que causa e como causa?

Os trofozoítos causam uma síndrome de má absorção por meio de 2 mecanismos:

Provocam encurtamento e atrofia das vilosidades do intestino delgado. Essas vilosidades são dobras da parede do intestino delgado e tem como função aumentar a superfície de contato do intestino com os alimentos para ter uma área maior de absorção de nutrientes. Com as vilosidades encurtadas e atrofiadas, a área de absorção de nutrientes fica menor.

Aumentam a taxa de renovação celular tornando incompleta a diferenciação das células intestinais, ou seja, as células ficam sempre jovens e não atingem a sua maturidade funcional, não absorvendo adequadamente os nutrientes.

Deste modo, o animal se alimenta, mas não absorve os nutrientes e a água dos alimentos devido a essas alterações na estrutura do intestino delgado causadas pelos trofozoítos.

Com essa má absorção dos alimentos, a motilidade intestinal aumenta e o tempo de trânsito intestinal diminui. Isso quer dizer que os movimentos do intestino aumentam para expulsar o conteúdo, que permanece menos tempo no intestino; como esse tempo é insuficiente para formar o bolo fecal e a água dos alimentos não está sendo absorvida, o animal apresenta diarreia.

4. Quais são os sinais clínicos?

Como já falamos, os sinais clínicos da giardíase canina cursam com diarreia, a qual pode ser auto-limitante, contínua ou descontínua. Pode haver presença de gordura nas fezes pela má absorção de triglicerídeos. Como a água dos alimentos não é absorvida, pode haver sinais de desidratação. Também pode haver episódios de vômitos, dores abdominais, gases e perda de peso.

É possível que alguns animais não manifestam sinais clínicos, porém mesmo assim eliminam os cistos nas fezes, sendo uma fonte de contaminação para outros animais.

5. Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da giardíase canina é realizado pelo histórico apresentado ao médico veterinário, sinais clínicos e exame clínico do animal.

Para confirmação da suspeita clínica, também pode ser realizado um esfregaço de fezes frescas, o qual permite a identificação dos cistos. Porém, como a diarreia pode ser descontínua, o teste pode resultar em falso negativo, ou seja, não é possível visualizar nenhum cisto na amostra. Por isso, para melhor precisão dos resultados é ideal coletar 3 amostras de fezes com intervalos de 5 dias para realizar o esfregaço.

6. Como é feito o tratamento?

O tratamento da giardíase canina consiste na administração de fármacos de ação antimicrobiana que abrangem microorganismos anaeróbicos (microorganismos que vivem na ausência de oxigênio) e de ação antiparasitária, como por exemplo, o metronidazol.

A consulta ao médico veterinário é essencial para que sejam estabelecidos a dose do fármaco e o tempo de tratamento adequados para cada animal e para que haja acompanhamento da evolução do caso.

Importante: não administrar metronidazol em animais gestantes, visto que o fármaco atravessa a barreira placentária e o seu efeito nas células fetais ainda é desconhecido!

7. Como é feito o controle?

É sempre melhor prevenir do que remediar, não é? A prevenção da giardíase canina é feita por meio da vacinação dos animais e práticas de higiene, como limpeza do ambiente, recolhimento das fezes dos animais e tratamento da água.

8. Como é a vacina e a sua eficiência?

A vacina para giardíase canina deve ser realizada a partir da oitava semana de idade com aplicação de uma segunda dose entre 14 a 28 dias após a primeira dose, seguida de reforço anual com uma dose.

A vacina pode não impedir a infecção, porém a sua aplicação ainda assim é importante, visto que ela diminui a intensidade dos sinais clínicos e a quantidade de cistos eliminados nas fezes, tornando a infecção mais branda.

Pronto! Agora você sabe realmente como a giardíase canina se desenvolve, o que e como ela causa, como são feitos o diagnóstico e o tratamento e, principalmente, como prevenir. Lembre de levar o seu cão para vacinar anualmente, de mantê-lo em lugar limpo e de recolher as fezes dele durante o passeio. E se o seu animalzinho manifestar algum dos sinais clínicos citados, procure e siga as orientações de um médico veterinário. 🙂